quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Era o dia mais feliz da minha vida, na cidade que eu mais amava, com a menina que eu mais admirava. Estava tudo indo maravilhosamente bem, finalmente. Claro que faltava ele, mas eu já estava conformada que ele não viria. Estava sentada em um dos milhares de bancos daquele parque esperando ela voltar com meu sorvete de baunilha, não estava tão quente para tomar sorvete mas a gorda aqui estava com desejo.
- Déh, tem um garoto querendo falar com você. - ela disse, meio com medo da minha reação.
- Quem? Pra que? - perguntei confusa, eu não conhecia nenhum garoto daquela cidade, tirando ele.
- Vai lá e descobre você mesma. - ela disse apontando para um lado do parque onde tinha um menino aparentemente desconhecido por mim, de pé e de costas, com as mãos no bolso.
Fui em direção a ele, que já estava virado para mim, e quanto mais perto eu chegava eu só tinha mais certeza que nunca havia visto aquele garoto.
Ele estava com uma calça jeans clara, e uma camiseta preta de uma banda qualquer. Ele era bem mais alto que eu, deveria ter 1,90, seu cabelo era escuro e estilo 'acabei de acordar', seus olhos eram de um verde profundo, hipnotizantes.
- Oi? - eu disse, quando estava a uns dois metros dele.
- Oi Déh. - Ele disse nervoso, suas mãos tremiam.
- Como você sabe meu nome? Quem é você? O que quer comigo? - Falei, atropelando as palavras.
- Já disse para parar com essa mania de atropelar as palavras. - Ele falou, e me deu um estalo: somente duas pessoas mandavam eu parar de atropelar as palavras, o Bruno e ele. O Bruno não era, isso era óbvio, então... Não, não podia ser.
- Foi ele que te mandou aqui ? Claro que foi, ele não tem coragem de vir e mandou tu no lugar dele, te falou meu nome e as coisas básicas sobre mim para eu acreditar. Ele acha mesmo que eu ia acreditar? Me poupe. - Falei dando as costas.
Ele segurou meu braço, me impedindo de prosseguir. Tentei me soltar, mas ele era forte.
- Sou eu Déh. Eu não tenho porque mentir, de novo. - ele falou, me soltando logo em seguida.
- Não, tu não é assim. Qual é o meu nome? - Agora ele teria que provar.
- Déborah. - Ele falou, mas isso não provava nada. Ele poderia ter dito para ele.
- Minha banda preferida? - não era ele, não podia ser ele.
- McFLY. - Isso também não provava nada estava, literalmente, estampado na minha camiseta qual era minha banda preferida.
- Como eu chamo meu irmão mais velho? - Essa era difícil, e ele não iria acertar.
- Mula. - ele falou, calmamente. Uma lágrima rolou dos meus olhos quando ele respondeu.
- Eu nasci para mandar... - falei, se fosse ele mesmo, saberia o que responder.
- ... e eu para te obedecer. - Ele disse, comecei a chorar compulsivamente, continuei com as perguntas e a medida que ele ia acertando eu ia me rasgando por dentro e chorava mais e mais.
Quando eu terminei as perguntas, e tive a certeza que era ele, eu o olhei e vi o arrependimento em seus olhos. Mas agora não adiantava mais, eu tinha cansado de ser enganada, de me machucar. Havia cansado de sofrer.
Depois disso, eu sai andando, praticamente correndo, sem olhar para onde estava indo.
A última lembrança que eu tenho é a cara de pânico do motorista do caminhão segundos antes de se chocar contra mim.

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