terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Conheci uma garota que morava em São Paulo, tão longe e ao mesmo tempo tão perto. Éramos mais que amigas a uns 3 anos. Mas o destino nos impediu de nos conhecermos pessoalmente, isso nunca atrapalhou em nada, era apenas frustrante fazermos vários planos e nada dar certo. Até que um dia resolvemos parar de sonhar e deixar acontecer, um dia ia dar certo.
A data era 20 de novembro, uma sexta de lua minguante, eu já havia averiguado. Esse era o dia da formatura dela, eu tinha alguns planos de ir para lá mas nada muito possível.
Me lembro bem, era 15 de novembro quando eu comecei a olhar as passagens e percebi que eu tinha dinheiro suficiente para pagar a passagem de ida e volta e uma noite em um hotel. Não contei nada a ninguém, tinha medo da inveja. Não contei nem aos meus pais, só iria contar depois de ter comprado tudo, assim eles não teriam como impedir.
Comprei tudo dia 16 a tarde, e a noite contei aos meus pais. Minha mãe quase me deserdou, mas depois que eu expliquei como seria tudo ela ficou mais calma, bem pouco, mas ficou. Meu pai ficou com o pé atrás, mas me apoiou.
Foi tudo muito corrido, dia 17 e 18 eu tinha as provas cruciais do colégio e tinha que me concentrar nos estudos. Só fiquei liberada dia 19, um dia antes da viagem. E eu ainda tinha que ver roupa, presente, mala, tudo. Em um dia e meio, porque eu viajava as 15 para São Paulo.
Consegui comprar a roupa, um vestido verde claro, de alças, e meu all star cano médio verde grama. O cabelo eu dava um jeito em São Paulo mesmo.
Assim que pousei na terra da garoa olhei no relógio, marcava 16:34, precisava correr. Tinha que chegar no hotel, me arrumar e ir para o colégio dela que era praticamente do outro lado da cidade. A formatura começava as 20, não fiquei muito fixa no pensamento de que chegaria atrasada, eu estaria lá no horário não estaria?
O hotel era perto do aeroporto mas mesmo assim só cheguei lá as 18 e pouco, tomei um banho rápido e comecei a me arrumar. No cabelo, deixei ele solto e coloquei uma tiara, verde também, que eu havia comprado no aeroporto. Eram 19:07 quando eu desci ao hall do hotel e pedi um táxi, rezava para o transito já ter cessado um pouco para eu chegar lá a tempo.
Dezenove e quarenta e sete e eu ainda estava no táxi, xingando de todos os nomes o maldito trânsito dessa cidade, faltava pouco para chegar ao local quando eu me lembrei do presente. MEU DEUS COMO EU PUDE ESQUECER DO MAIS IMPORTANTE? Quase sai do táxi para procurar um loja aberta para comprar algo, mas foi quando eu passei a mão no meu pescoço e vi que o melhor presente que eu poderia dar a estava ali comigo, pendurado no meu pescoço.
Atravessei o portão da escola dela exatamente as 20h, e corri para o salão onde seria o evento. Quando cheguei ao local de longe pude ver sua família, não enxergava ela, deveria estar nos bastidores esperando a hora de entrar junto com os colegas. Fui comprimentar os pais delas como se fosse velhos amigos, e não deixavam de ser afinal já o tinha vistos e conversado com eles inúmeras vezes pelo computador. Eles ficaram surpresos com minha presença mas muito felizes, deixe-os lá onde estavam e fui para o outro lado do salão, onde eu poderia enxergar melhor. A formatura foi linda, e ela estava mais linda ainda. Ela estava radiante, com um sorriso de orelha a orelha e com os olhos brilhando. Quando acabou eu sai do salão e fiquei esperando ela sair no lado de fora, é até uma questão de educação os pais comprimentarem ela primeiro.
Quando a vi saindo do local e em seguida abraçando seu irmão, pude ler nos lábios dele falando no ouvido dela: 'viu quem ta ai?' Ela fez cara de interrogação e ele virou o rosto para onde eu estava, um sorriso maior ainda invadiu seu rosto, e o meu também, assim que ela me viu e instantaneamente correu em minha direção. Parecíamos duas crianças se abraçando e chorando no meio do pátio, depois de conversarmos um pouco os amigos dela a chamaram para ir para a festa onde eles iriam comemorar a formatura. Nesse momento eu pedi para ela esperar um pouco, eu queria dar o meu presente pra ela.
- Sério, não achei nada melhor para te dar de presente. - falei, tirando meu colar e tinha um pingente com a minha inicial, do pescoço. Seus olhos se encheram de lágrimas e enquanto eu colocava o colar nela, ela me abraçou mais forte do que nunca, e disse baixinho.
- Obrigada. Por me ajudar quando eu precisei, por me alegrar quando necessitei, por me dar uns choques de realidade, por estar aqui nesse dia tão importante pra mim, mas mais ainda, obrigada por me deixar tomar posse de você. Eu te amo.

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