quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

604800 segundos, 10080 minutos, 168 horas, 7 dias, uma semana. Esse era o tempo exato que eu não falava com ele. Ok, ele ia viajar e me disse que nos falaríamos menos, mas nós nos falarmos menos não é sinonimo de não se falar. Eu já estava sem dormir a dois dias preocupada com ele, mal comia, só ficava no quarto olhando pro teto, bem autista.
Olhei no relógio, duas da manhã, deveriam se 22, ou 23 horas no lugar que ele estava por causa do fuso horário. Em um surto de coragem peguei meu celular e digitei o número tão conhecido com uma certa violência. Me sentei no chão gelado do meu quarto, com as pernas esticadas e as costas encostada na lateral da minha cama.
- Alô? - ele atendeu, e eu pude ouvir uma música do McFLY tocando ao fundo.
- Oi. - disse, num tom de indiferença.
- Oi amor - ele falou, com uma certa animação.
- Onde tu ta? - falei, no mesmo tom de indiferença.
- Não sei direito, em algum lugar dos Estados Unidos. - ele falou, meio confuso.
- Ai não pega sinal de celular? - falei, continuando com a indiferença.
- Pega, mas eu to sem crédito.
- Querem roubar você de mim sabia? - disse, como se estivesse mandando ele comprar pão.
- Quem? - ele disse, espantado.
- Eu digo que que vou te perder e tu quer saber para quem, legal.
- Quero saber quem é, , vai que seja gatinha... - ele disse, rindo.
- Se for gatinha, você vai correndo atrás . - continuei com a indiferença.
- Exatamente. - ele disse, gargalhando.
- Você acaba com meu dia. - cancelei a chamada e nem me dei ao trabalho de colocar o celular no colchão, simplesmente abri a mão e o deixei cair de encontro ao chão. Acabei adormecendo, no chão mesmo.
Fui acordada com o sol batendo na minha cara, e algum problemático gritando meu nome na janela. Não ia atender, devia ser um vizinho idiota querendo algo emprestado.
'Déborah Antonia, desce, eu sei que tu ta acordada' - o desconhecido gritou de novo.
Só uma pessoa no mundo me chamava de Déborah Antonia, mas não podia ser, a algumas horas atrás ele estava nos Estados Unidos...
'DÉBORAH EU TO ME IRRITANDO' - ele gritou, interrompendo meus pensamentos, abri a porta do jeito que estava vestida, com uma camiseta do meu irmão e uma bermuda do meu pai.
- O que você ta fazendo... - comecei a falar mas ele tapou minha boca.
- Cala a boca, deixa eu falar. - eu detestava que me impedissem de falar, e ele sabia, então mordi sua mão que cobria minha boca.
- TIRA AS PATA DE CIMA DE MIM MOLEQUE! E eu falo quanto eu quiser, estou na minha casa, e a visita... - estava pronta pra dar um discurso quando ele revirou os olhos e me beijou grosseiramente. Eu fazia toda minha força para me desgrudar dele, mas ele era mais forte, e parecia nem perceber. Quando ele finalmente me largou eu estava furiosa e comecei a bater em seu braço.
- QUE PALHAÇADA É ESSA? - falei, realmente brava.
- Você não calou a boca por bem, tive que tomar medidas drásticas. - ele disse, naturalmente.
- Nunca mais faça isso seu imbecil. Agora me diz o que tu tá fazendo aqui? Horas atrás tu estavas nos Estados Unidos, pelo menos é o que você me disse.
- É eu tava, mas quando tu disse que eu eu estragava seu dia eu me senti culpado e peguei o primeiro voo pra , pra te provar que eu posso te fazer feliz.
- Para, hoje é dia 31/12 e você deixou de passar o ano novo nos EUA, com sua namorada, para vir pra esse fim de mundo passar o ano novo comigo? - eu falei descrente, ele era burro, mas não a esse ponto.
- Por ai, tirando o fato da namorada. Terminei com ela.
Dei um grito histérico e pulei no seu pescoço, eu odiava sua namorada com todas as forças. Ela roubava ele de mim.
- Calma Déh, haha, enfim deixa eu te provar que eu não estrago seus dias? - ele falou com cara de pidão.
- Desde que não envolva beijos no meio, tudo bem. - falei, parecendo brava.
- Aha, como se tu não tivesse gostado do meu beijo. - ele disse, convencido.
Comecei a rir, ele não precisava saber que aquele foi o melhor beijo da minha vida.

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