sábado, 9 de janeiro de 2010

'-Déh! - O garoto disse em pânico, ao entrar na varanda de seu quarto, olhar para a janela vizinha e se deparar com sua amiga, que ele se sentia na obrigação de proteger por algum motivo desconhecido, chorando compulsivamente com os olhos inchados e a cabeça baixa, dependurada na janela.
- Que? - Ela disse ríspida, olhando diretamente nos olhos dele. Ao levantar a cabeça ele pode perceber o estado deplorável que ela se encontrava: olheiras enormes, a palidez excessiva, e a boca roxa de frio. Ela estava doente, isso era visível, ela tremia de frio, enquanto todos literalmente pingavam de calor.
- O que está acontecendo contigo Déborah? - O menino falou, meio bravo mas preocupado também. Fazia uma semana que ela não saia de casa, ele tinha ouvido uma conversa dos pais dela falando que ela não estava comendo direito, ela estava sempre com a luz do quarto acesa durante a noite, sinal de que ela não dormia. E já era a terceira ou quarta vez que ele a via chorando na janela. Nunca perguntou porque acreditava que era problema com os pais, e conhecia ela o suficiente para saber que ela detestava conversar sobre os problemas familiares. Mas hoje ele iria descobrir o que aconteceu.
- Nada Bruno. - ela respondeu, com a mesma rispidez.
- Aha, claro. Então onde está aquela menina que estava sempre de bom humor que eu conheci? - ele falou. Ela não respondeu.
Ele decidiu que ficaria ali até ela falar. E não interessava que já eram 4 da manhã.
- Fazem seis meses...- Ela começou a contar, não a enterropi, com medo dela não falar mais. Ela quase não citou nomes usava mais os pronomes 'ele' e 'ela', as poucas vezes que citou nomes o ar lhe faltava. Dava para ver a dor que ela sentia, parecia que cada palavra que ela dizia era como uma faca extremamente afiada a penetrando grosseiramente.
Ao final da história, ela se calou e voltou a chorar.
O garoto estava sem reação, ele sabia que algo havia acontecido com a sua menininha mas não imaginava que fosse tão dramático assim. Ele não sabia o que fazer, queria abraçar ela e dizer que tudo isso era um sonho e logo iria passar, o abraço ele até poderia dar, mas só no dia seguinte, estava tarde e o pai dela poderia acordar. Dizer que tudo iria passar era impossível, ele sabia que não passaria. Ela não queria que passasse. Mesmo com todas as consequências a dor era o que ligava ele à ela. A dor era o que ele havia deixado dentro dela. Essa dor era a lembrança que ela tinha dele. E ela só continuava vivendo por causa dessa dor que ainda ligava os dois, se essa dor passasse ela não suportaria. E isso, o amigo da garota podia enxergar no seu olhar.
Ele não sabia o que fazer, então começou a falar sobre assuntos aleátorios. As vezes falava umas besteiras que faziam a garota soltar um sorriso tímido, que não chegava até os olhos.
Já estava amanhecendo quando os dois foram para suas respectivas camas e adormeceram. Na verdade só ele, ela continuava com sua depressão.
Os dias foram se passando e Bruno ia até a casa de Déh passar os dias com ela, e assim foi, as vezes ele conseguia até tirá-la de casa, mas no máximo para dar uma caminhada até a praia. Com o tempo ele percebeu que a dor da menina ia se amenizando, ela ainda existia, é claro, mas agora ela sabia como lidar com ela.
Ela já estava com uma aparência mais saudável, e até olhava para os outros garotos. Mas ela nunca mais se apaixonaria, não como se apaixonou a meses atrás.'

Parte do texto foi o que eu sonhei hoje, está um lixo, mas eu precisava postar.

Beijos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário