segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Entrei no apartamento jogando as sandálias de salto alto no chão fazendo um barulho considerado alto para as 4 da manhã, ele entrou logo em seguida cabisbaixo com o blazer em mãos.
- Desculpa. - Ele falou, enquanto eu tentava tirar meu, único, vestido social preto.
- Desculpa pelo que? Você está sempre certo não está? Afinal, é claro que seria mega divertido pra mim ficar horas em uma festa com um salto enorme fazendo social com seus amigos milhonários.
- Eu achei que pudesse ser... - Ele falou, tristonho.
- Porra, a gente ta junto a três anos e você ainda não sabe meus gostos? Me poupe. Tu sabes que quando eu estou de TPM  eu só quero ficar em casa sendo mimada por você, além de que eu não sei me portar com elegância, pelo menos não a que seus amigos exigem. E se tem uma coisa que eu detesto ser é sociável.
- Eu sei de tudo isso, mas achei que dessa vez seria diferente...
- Porque seria? Tu acha que eu vou aprender a me portar em alguns meses? Não, não vou. Parece que você esquece que nossos mundos são completamente diferentes.
- Não são não!
- É óbvio que são, você é rico da alta sociedade que faz festas que todo mundo daria o corpo para entrar. Eu sou a parte que fica em casa com os amigos falando mal dessas festas. Ta vendo a diferença?
- Tu acha que eu gosto dessas festas?
- Eu tenho certeza. Você gosta de pessoas elegantes, gosta de comidas exóticas, gosta de conversar sobre a bolsa de valores, gosta de fazer média. E não adianta negar, e é por isso eu não sou... a mulher certa pra você.
Ao terminar de falar a última sílaba da palavra 'você' ele foi imediatamente a mim e me beijou e disse olhando fundo nos meus olhos:
- Tu és a mulher certa pra mim, e isso é a única certeza da minha vida.- Ele disse, com raiva, mas ao mesmo tempo com ternura.
- Mas, nossos mundos são tão diferentes as coisas com a gente são tão complicadas. - Falei, chorando.
- Talvez isso seja verdade, mas nós dois criamos um mundo só nosso, com o melhor de meu mundo e o melhor do seu, e a gente vive feliz dentro dele. Não vivemos?
- Sim, mas, argh. Como você consegue se divertir no meio daqueles mauricinhos prepotentes e irritantes?
- Acho que é uma diversão diferente da sua.
- É completamente diferente, aquilo é tortura não diversão. - Ele gargalhou, e eu também.
- Posso pedir uma coisa? - Falei, olhando nos olhos dele.
- Até as estrelas, se você quiser.
- Elas eu deixo pra amanhã, posso te mostrar como eu me divirto no meu mundo?
- Quando você quiser.
Selamos nosso acordo com apenas um selinho e fomos dormir como qualquer casal feliz.

Continua...ou não.

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